A noção
do dào ( 道) no modo de vida dos antigos sábios chineses não possui preocupação em defini-lo, mas de vivê-lo e compreender como funciona. O caractere chinês antigo dào ( 道) tem uma grande diversidade de significados, quer dizer polissemia em linguística, e o seu significado varia de acordo com o texto, contexto histórico e cultural; ou, polivalência e plasticidade de significância cultural. O sinograma dào pode ser traduzido por via, caminho, via espontânea, percurso, processo. O dào é tema central dos 81 capítulos do livro chamado de Lǎozǐ Dào Dé Jīng (老子道德經), ou "Clássico da Via e da Eficiência", que na interpretação taoista antiga, de Wáng Bì (王弼) da dinastia wei, que foi o seu compilador, ele comenta que a via é percebida como a própria realidade vivida
pelos chineses. "A via (dào道) é guia (導dǎo)" comenta Wáng Bì, na perspectiva correlativa de sintonia com a via, tradução para o dào.
Também pode ser uma via espontânea, sem causa inferior ou superior, não há definição para o dào, não possui origem, nem caos, nem cosmos. Os sábio chineses da antiguidade , assim como o Lǎozǐ compreende a via, segundo o comentário de Wáng Bì, como um processo circular e de alternância de vida, que acontece no ciclo de passagem da fase de não ter forma (wú無), para a fase de se ter a forma (yǒu有), que não quer significar "não-ser e ser", como costuma se traduzir. O não-ter forma, o ter forma e vice-versa e simultaneamente, se processam por meio da capacidade na sua ação do dào de transformação (huá 化), sem começo nem fim, que segue numa continuidade circular e não linear, nem dual, ausência de divindade ou sentido de deus e sem a criação.
Também pode ser uma via espontânea, sem causa inferior ou superior, não há definição para o dào, não possui origem, nem caos, nem cosmos. Os sábio chineses da antiguidade , assim como o Lǎozǐ compreende a via, segundo o comentário de Wáng Bì, como um processo circular e de alternância de vida, que acontece no ciclo de passagem da fase de não ter forma (wú無), para a fase de se ter a forma (yǒu有), que não quer significar "não-ser e ser", como costuma se traduzir. O não-ter forma, o ter forma e vice-versa e simultaneamente, se processam por meio da capacidade na sua ação do dào de transformação (huá 化), sem começo nem fim, que segue numa continuidade circular e não linear, nem dual, ausência de divindade ou sentido de deus e sem a criação.
A via ao assumir as formas (xíng), no seu surgimento visível, ou nascimento (naturae, natureza do latim, sentido de nascer), encaminhado pela ação
dessa própria via (o dào), conduz a sua viabilidade à eficácia (dé), comumente traduzida como
virtude (dé 德), traduz-se aqui por Eficiência. Sendo que, a eficácia da Via, acontece pelas
mudanças e transformações (bian huá 變 化) permitindo
que, as formas se diferenciem cada vez mais. E assim, nesse processo de
transformação na fase sem formas e no percurso do surgimento (sheng 生); na fase da forma, também, denominado de mudanças, tudo entre si relacionado concebe-se a noção do
dào (道), como realidade fonte e totalizante.
O dào (道) como fonte espontânea, indizível
e como manifestação ou concretização considera-se dizível. Ambas, compõe apenas a única realidade. O dào considerado antes da formação de tudo, que em chinês a
expressão que se traduz é “anterior ao Céu”, e que no pensamento taoista
compreende-se o dào como o inominável considerado nominável, na medida em que,
se manifesta como a “mãe dos dez mil viventes” numa contínua manutenção da
unidade da realidade relacional. A "mãe" no sentido de surgimento, que na animação com significado de movimento (e não de anima, do latim alma) neste processo de transformação silente ou invisível permite o processo do nascimento (sheng), da manifestação, o visível. Esse percurso também significa dào.
Além disso, o dào significa funcionamento, como funciona o processo, a própria via espontânea, "por si mesma", não criada por ninguém, nem por nada. O procedimento ou método, também significados de dào é "assim por isso mesmo"( do chinês: zì rán自然), na escritura de Lǎozǐ, capitulo 25, tem-se: 道法自然 (dào fǎ zìrán) "A via se regula na espontaneidade".
Além disso, o dào significa funcionamento, como funciona o processo, a própria via espontânea, "por si mesma", não criada por ninguém, nem por nada. O procedimento ou método, também significados de dào é "assim por isso mesmo"( do chinês: zì rán自然), na escritura de Lǎozǐ, capitulo 25, tem-se: 道法自然 (dào fǎ zìrán) "A via se regula na espontaneidade".
No trecho do texto de Lǎozǐ Dào Dé Jīng (老子道德經), por exemplo, contém o tema, como fica evidente no capítulo 1, de Lǎozǐ, conforme o cotejo.
Fig 1. Lǎozǐ Dào Dé Jīng (老子道德經), compilação de Wáng Bì (王弼). Os caracteres chineses são completos, tradicionais ou antigos
Fig 2. Cotejo Lǎozǐ Dào Dé Jīng (老子道德經), compilação de Wáng Bì (王弼).Os caracteres chineses são completos, tradicionais ou antigos. Tradução do texto de base chinês clássico para o português brasileiro feita por Dulcetti Junior, 2012.
A constância mutável do dào organiza elabora e assume constantemente uma correlação de geração (sheng 生) de todas as vidas mantidas interdependentes. Assim, o dào (道) “constante” (cháng 常) é temática central nos textos clássicos chineses e do taoismo, principalmente, do dào, e na especulação a seu respeito é muito mais importante do que pensar o dào é vivenciá-lo.
Bibliografia
Cheng,
Anne. A História do pensamento
chinês. São Paulo: Vozes,
2008.
Dulcetti Junior, Orley. O
Caminho do Nèijìng para o Ocidente: Continuidades e Rupturas
de uma Obra de Medicina Chinesa Antiga e suas Traduções para os Idiomas Europeus.
Tese de doutoramento no Programa em Ciências da Religião, da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, 2012.
Grand Ricci Diccionaire. Grand Diccionaire Ricci de la langue chinoise. Táiběi-Paris: Desclée de Brouwer, 2001..
LǎO Zǐ. DàodéJīng. Compilador Wáng Bì (王弼)Taipei: Hua Cheng, 1980.
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