Prof. Dr. Orley Dulcetti
Junior[1]
A maneira de viver e de pensar, dos sábios da
antiga China é sui generis, que difere
do modo Ocidental de pensamento linear, padronizado e universalista em que se
vive a vida globalizada contemporânea. Assim como, também, ocorre com a escrita
chinesa, não tem nada em comum com o idioma europeu.
Muitas vezes vive-se pensando no que se
passou, fica-se angustiado, ou, vive-se o futuro, que ainda não chegou, então,
sente-se ansiedade pela antecipação dos acontecimentos, e assim, o presente
fica excluído.
A sociedade impõe valores impeditivos para
mudar-se de status social,
dificuldades da vida que se quer sair delas, mas não é possível, pois são
imposições e pressões sociais, como, dificuldade financeira, social, no
relacionamento, distúrbio emocional. Tudo isso pode deixar as pessoas
insatisfeitas, sentirem-se incapazes, inseguras, com medo, sem ter prazer na
vida, impossibilitam de conseguir alcançar o sucesso. O modo de vida e de
pensar das pessoas ocidentais, também, do brasileiro (a) não tem possibilitado de se
chegar em soluções plausíveis, de ordem mental, física, socioeconômica e nas
relações pessoais.
Há resposta eficiente, soluções eficazes fora do
Brasil, que o autor traz da sabedoria antiga chinesa, da inteligência
estratégica dos pensadores da China Antiga. São aspectos que pretendo mostrar
de inovador com as eficiências resolutivas, que permitem explorar novas
possibilidades de se viabilizar as relações justas, o equilíbrio interior, o
apaziguamento do coração, a obtenção do sucesso estratégico e a harmonia na
vida por meio da arte do coração, a arte de nutrir e de manter a vida com os
sopros (qì) equilibrados.
A
sabedoria chinesa consiste num produto de construção singular da fecundidade e
da exterioridade chinesa antiga em relação ao Ocidente e ao Brasil. Aqui se têm
fecundidade própria. Mas ainda, é um tema a ser descoberto e explorado. O saber
chinês clássico, eu os trouxe já pesquisado, explorado, vivenciado. Assim, ele chega
até os dias atuais, principalmente, pelos textos clássicos chineses deixados
para a posteridade pelos intelectuais da antiguidade chinesa, como nos livros
clássicos atribuídos ao Kong zi, ao Laozi, ao Zhuang zi, ao Huainan zi, entre
outros, que são traduzidos de maneiras divergentes e mal compreendidos. Para
isso deve-se levar em conta a cultura da época e se traduzir de modo
contextualizado, sem a influência universalista e ocidentalizada que procuro
realizar e por em evidência coerente.
Os sábios chineses nos deixaram o legado da “arte
do viver”, a “arte do coração” (xīnshù心術), uma
estratégica do viver do tao, conforme pode ser traduzido nos escritos de Zhuāng zǐ (莊子). Explica-se
do seguinte modo, que o corpo humano possui um centro único de ordem intrínseca
organizador da condução dos ventos-sopros (não soprados por ninguém) promovedor
da vida neste corpo particular. Pode ser chamado de o depositário central e
dirigente da pessoa, como o centro da vida, que se encontra alojado no meio do
peito do homem. A arte do coração chinesa antiga é um ensinamento estratégico do período
clássico da China que recomenda o esvaziamento do coração, com a disponibilidade
interior, para não se fixar em nehuma ideia, com ausência de desejos, paixões,até seobter um agir justo.
Assim, torna-se capaz de atingir a sabedoria, que é a arte de nutrir a vida, estratégia
para mantê-la equilibrada na totalidade corporal constituída por ventos-sopros
(qì氣), com
possibilidades de realizações justas, completas, eficazes na serenidade.
Segundo os sábios do pensamento e da medicina
chinesa antiga, herdeiros dos ensinamentos de sabedoria do Imperador Amarelo, considerado
o ancestral dos taoistas, o centro da vida é
o coração que funciona como a referência, que serviu para se guiar a vida dos sábios chineses antigos e serve
ainda hoje para nos guiar.
Os ensinamentos antigos dos sábios da China foram
transmitidos pelos livros, que contém estratégias de vida do tao para todos os
viventes, inclusive podem ser proveitosos para todos no mundo contemporâneo, numa
família, na empresa o empresário, na hierarquia com os seus funcionários, na
escola, instituições, nas Ongs, para se entender melhor um ao outro,
valorizando-se a alteridade (o outro) deixando-se a individualidade para trás, levando-se
em conta o outro e assim se conseguir viver em harmonia, em conformidade com os
movimentos espontâneos dos sopros ou qì
(氣), como a harmônica celeste dos movimentos dos astros
no céu (noção de regulação) e da música pentatônica chinesa antiga.
Na concepção dos
sábios chineses a harmonia é uma condição obtida num momento propício, que se
permitiu ocorrer por meio da espontaneidade, o tao (a via, o percurso, o funcionamento das coisas) pela “escuta
silenciosa do coração”, segundo Zhuang zi. Não há uma preocupação no sentido de
se atingir a felicidade. Mas, sim, de se chegar até a harmonia, ao equilíbrio interior do
qì, da pessoa consigo, da pessoa com
os outros e com o mundo exterior, em geral.
Há uma variedade de
métodos de se obter o tao (dào), na arte de viver e com estratéga
nas formas de atitudes de se encarar a vida a partir das relações mútuas, como
a ginástica gestual do (dǎoyǐn導引), o (tàijíquán太極拳), (qìgōng 氣功 maestria dos sopros), o fēngshuǐ (風水).
. Também, há acupuntura, os chás, a alimentação pelos sabores das cinco fases. Todos são considerados caminhos (tao), forma de viver para se seguir espontaneamente o curso dos ritmos do dia e da noite, das estações do ano em conformidade com o coração de cada um.
. Também, há acupuntura, os chás, a alimentação pelos sabores das cinco fases. Todos são considerados caminhos (tao), forma de viver para se seguir espontaneamente o curso dos ritmos do dia e da noite, das estações do ano em conformidade com o coração de cada um.
Desse modo,
rompe-se com o passado que ficou para trás, com o futuro que vem adiante,
então, se deve ficar no momento oportuno, sem se fixar nele, porém aplicar
estratégias a partir do não-agir (無為wúwéi), conduta taoista do agir sem interferir, agir no
interno, espontâneo sintonizando-se com o centro da vida, o coração em
conformidade com o mundo, o céu e da terra. Ao se considerar uma posição e a
outra, um lado e o outro, mas não somente valorizando um lado, mas também o
outro lado, nem ficar numa única posição. Deve-se verificar a outra posição a
ser tomada na vida, ou a posição do outro, sendo assim, não se toma, um
partido, mas tudo vai se fazendo num caminho de uni-totalidade, que resulta em
se permitir que aconteça a condição propícia, no momento oportuno e dele se tirarem
o melhor proveito disso.
Essa estratégia se baseia
no pensamento dos sábios chineses do yīnyáng. Como no comentário do Clássico das Mudanças, o Yi
Jing (一陰一陽之為道 pronúncia: yī yīn
yī yáng zhī wéi dào), na tradução: “Um yīn, um yáng, eis o dào (tao)”. Trata-se de uma
fórmula taoista para se viver em harmonia.
Segue o movimento de pensamento
circular ou não linear, diferente do pensamento ocidental linear, o circular
chinês dá a solução, a estratégia do pensamento é de totalidade, que não se vai
direto ao assunto, dão-se voltas, em volta do assunto, do afazer, do ensinamento, do aprendizado, ou da
negociação, até se atingir a eficiência, que difere do pensamento linear do
mundo contemporâneo Ocidental e brasileiro que é relativo, dual, que aponta
diretamente para o objeto, com uma finalidade. O pensamento circular é o que
forma a estrutura colocando em funcionalidade, o tao, na vida harmônica, sem finalidade, nem objeto.
Por isso, o papel do tradutor dos textos
clássicos chineses dos sábios deve ser contextual e relevante. Considero o
tradutor como sendo o condutor da ética que propicia o diálogo entre um e
o outro. Isto é um pensamento chinês de inclusão, não há exclusão, como no pensar
ocidental atual. Tal estratégia chinesa de pensar agindo sem interferir obtém
sucesso.
Senso assim, o tradutor do chinês clássico
para o português brasileiro é o responsável para que a comunicação ocorra sem
defeito, sem borragem, sem mística, nem religião judaico-cristã, ou hegemonia
biomédica, sem anacronismos (significa dar valores atuais de sua cultura Ocidental,
para o antigo, isso é, à outra cultura, a chinesa. As duas culturas não têm
nada em comum). Porém, ambas as civilizações possuem sabedoria, que atravessam
os horizontes, sabedoria de todas as nações. Aqui, opta-se pela sabedoria chinesa
clássica, com os seus implícitos culturais (pensamento ativo, passivo, não dual,
inclusivo, com estratégias do agir sem interferir). Os sábios estrategistas de
o melhor viver e na medida em que, se percorriam a vida permitiam o surgimento da
condição oportuna e dela, então, se tiravam o máximo de proveito, a isso eles
denominavam de eficiência (德dé). A
estratégia está na eficiência, no trânsito, na passagem e não no efeito. O
resultado do sucesso estratégico que serviu para os antigos chineses e nos
serve ainda hoje. A
China Antiga é uma civilização de uma
cultura dos textos, que conserva o patrimônio da fecundidade cultural, desse outro
longínquo antigo, de modo singular numa cultura milenar que está disponível a
todos, no mundo atual.
[1] O Prof.Dr. Orley
Dulcetti Junior é brasileiro, empresário, sinólogo, cientista das religiões (PhD).
Ele é uma personalidade internacional. Faz conferências e comunicações no
exterior e no Brasil. Empresário, diretor do IBRAHO. Membro da Association
Française d’Etudes Chinoises, Ele traduz textos de sabedoria chineses clássicos
e de medicina da China antiga. Também, ele é um estudioso de trocas
interculturais, educador e praticante há 30 anos de medicina chinesa e acupuntura
Além disso, ensina e faz consultorias, aconselhamentos às pessoas, empresários,
clínicos, famílias, instituições de ensino para poder se obter o melhor
rendimento, melhorias no interior e exterior das pessoas, bem como, nas
relações pessoais, na produtividade e obtenção de sucesso.
Sempre brilhante mestre Orley. Parabéns!
ResponderExcluirMuito obrigado, meu caríssimo Helio.
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