quarta-feira, 30 de outubro de 2019



  1. Saborear



A imagem pode conter: texto, natureza e atividades ao ar livre

Cume da Montanha




Cume da Montanha

O Amanhecer se faz da noite profunda
Da manhã se faz o entardecer
O anoitecer se faz da tarde,
Sempre no momento devido.

O dia é note enquanto que,
Noite é dia
Da janela do céu se vê

Corpos estelares,mansões celestes
Da porta terrestre, montes agrestes
Da minha janela só vejo você

No vazio do centro do meu coração
Há um mundo inteiro pra se saber
Se aqui dentro é maior que lá fora
Ou lá fora é maior do que por dentro
Do interior nasce o exterior assim como,. o baixo vem do alto
O alto vem para o baixo, namora
Onde tudo conjuga se no meio
Lugar sem lugar é no meio que,
a ordem eficaz mora, sem de - mora.
By Prof Dr Orley Dulcetti Jr. PhD






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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Os Jing 經, os Clássicos Chineses



            A literatura chinesa (wen) distintamente das outras, durante uma longa maturação permanece sem gêneros e de início desenvolve-se na união de escrita e ritual de previsão. Além disso, referência aos mitos, escritos tardiamente são escassos e fragmentados. Os primeiros textos datam do período da dinastia Shang Yin, entre os séculos XIII e XIV a. C., que foram escritos sobre peças e materiais duros feitos de pedras e exoesqueleto do ventre de tartaruga, nas quais se gravavam registros nos ossos de ovinos, bovinos, e exoesqueleto da tartaruga seguindo técnicas e artes dos fang shi   方士, os mestres das artes, que mais tarde tornaram-se Shi .

Fig 1 Fonte: Vandermeersh (1984)

Depois surgem os materiais para escrituras chinesas os Ce , que são lascas de bambu, que servem como material na escrita, que evoluem literalmente, dando lugar ao papirus e ao papel de arroz. (ALLETON, 2009).

Fig 2: Jing nos Ossos -femur de bovino



            A noção de literatura na China evoca o termo em chinês wen que no Dicionário Ricci (1990) designa as linhas, brilho da seda e vestimentas bordadas, os desenhos, o sinal gráfico da escrita chinesa chamado de sinograma ou caractere chinês antigo (wen zi文字), a civilização (wen hua) e nome do rei (wen wang) da dinastia zhou, sabedoria e cultura, os textos e as composições literárias, em geral e literatura clássica (wen yan wen文言文).
O wen, a escritura chinesa, como também, wen yan wen , geralmente traduzido como língua escrita chinesa construído pelos Fang Shi, como um sistema linguístico distinto da fala chinesa, diversamente de outras línguas e civilizações, não evoluiu para uma escrita alfabética e permite o surgimento através do procedimento escritural os textos de racionalidade de procedimentos ritualísticos de previsões e não de advinhação. São os primeiros a surgirem, também, pelos Fang Shi, nas coleções de quelônios grafados os diagramas e a escrita, após jogo de combinações numéricas feitos com a aquiléia- millefollium, até se chegar a constituir um texto formal.

Fig3.:Clássico das Odes (Shi JIng) Fonte: BNF

            A dimensão cosmológica de wen permite a correlação do homem, o wen humano com o céu-terra. O termo wen tem origem nos caracteres chineses arcaicos dos números seis e cinco. No Clássico das Transformações, ou em chinês I jing se lê: “O céu é cinco e a terra é seis (tian wu di liu). ”
De maneira espontânea há a relação do homem com o céu terra que se entende através da noção wen. O céu como malha ou rede (mai) e a terra como trama, assim, o wen os relaciona. Desse modo, a obra literária está conjugada e integrada a totalidade espontânea (tao e homófono tao) ao céu-terra. Por isso, a expressão literária ou wen é a manifestação da via (tao) que gera todas as coisas e manifesta o próprio tao como wen. “O wen é a via”. (tao zhi wen ye道之文也).
Os sinais lingüísticos chineses, o wen possue noção cosmológica com origem no tao, como processo de continuidade totalizante e com eficácia no funcionamento. São os escritos feitos através de sinais ou traços significantes incitados na previsão dos rituais escritos e compostos pela lingüística, sem inspiração pelo verbo da Criação. Mas, pelo sopros ou ventos () que animam no sentido de movimentar e dar vida (sheng) e pelas “linhas internas que atravessam todas as coisas” ou ordem interna (li) da cosmologia, com seus eixos principais, como o vazio e pleno, yinyang e  a tríade céu homem terra em conjunção compõem o ritmo dos sopros (qi yun) que anima as frases na escrita chinesa.

Fig.3 Shi JIng em pincel nos Rolos

            Ainda, nessa mesma perspectiva, a literária da China Antiga que foi gradualmente desenvolvida pelos mestres das artes (fang shi) com o racionalismo dos procedimentos ou ordenanças, durante a dinastia dos Zhou seguiu-se pelos mestres (shi) escritores chineses e compiladores dos textos chineses, que descreviam cerimoniais ritualizados, cânticos, disposições e as ordenanças dos Soberanos. Esses documentos foram objetos de codificação, que ao se tornarem oficiais para regrar a vida passam a ser denominados de Jingou Clássicos, primeiramente, por iniciativa do confucianismo, corrente de pensamento de sabedoria chinesa (ru jia儒家) iniciada por Confúcio durante o Período Adinástico Primavera e Outono que se estendeu até final do Período dos Reinos Combatentes. São resultados desses remanejamentos e códigos com vistas a oficialização de cunho moral e político.
Fig 5. Laozi Dao De Jing compilação de Wang Bi pincel sob Papel 

             A China pôde perpetuar sua tradição oral através dos escritos (wen yan wen) e assim o legado escrito segue de modo continuado, cumulativo com as noções de wen, aí se inclui a noção de tao, no sentido de transmissão da manutenção da tradição ancestral do wen transformada na tradição nocional do jing. E, a partir dessa perspectiva chinesa têm-se a transmissão-tradição (chuan) e os comentários (zhuan) de um texto considerado posteriormente como Clássico, com significado de texto como um tecido, rede ou malha jing dian (經典). Mas, isso ocorre somente após o momento em que esses textos se tornam objetos de comentários.
Fig. 6. Huang Di Nei Jing Ling Shu comentários e compilação de Wang Bing caligrafia sob Papel

            Os jing dian (經典) ou simplesmente jing são conjuntos de textos chineses considerados como clássicos (do latim: classicus), e com a conversão idiomática religiosa e cultural dos jesuítas desde o século XVI, foram traduzidos como se fossem Livros Sagrados, então, canônicos (do grego: kanonikós; do latim canònicus, da cànon, règola, no sentido de Kanon, do grego: regras, leis, princípios) da tradição confuciana, inicialmente, para posteriormente abranger também os textos do legismo e taoísmo durante os reinos Combatentes, que recebem uma denominação geral, a partir dos Qin, como clássicos chineses.
            Os jing seguem a noção de wen discutida acima. Embora, não sejam clássicos como dos gregos e dos latinos, nem canônicos como as escrituras judaico-cristãs e pela dificuldade lingüística os primeiros sinólogos cristãos adotaram a tradução para jing () como sendo os textos Canônicos à imagem da Bíblia. Depois, outros sinólogos optam pelo equivalente de clássico como a noção laicizada do termo latino.
            Porém, na China os clássicos recebem conotação diversa da sacralização textual ou literatura profana. De início os jing têm sentido de Grande Regra (Da Jing大經) ou Grande Constante associado à noção do tao, a via constante.
            São compostos os jing, de literatura coletiva os quais se consolidam ao longo dos tempos e se transformam em textos no encaminhamento da sabedoria chinesa.       O estatuto do clássico chinês confuciano de normativa pedagógico-moral como um texto autêntico e oficial. O jing por excelência evoca o saber da textura céu-terra e representa o universal transcrito através dos sinais gráficos chineses e o humano perfaz essa união. Por isso, os “letrados chineses”, os mestres ou shi () empregaram a imagem (xiang) da tecelagem para se designar o jing () como o fio da seda na cadeia de fios de uma trama do tecido. Possui qualidade de totalidade como um Clássico de acordo com a imagem Céu-Terra (xiang tian di) no sentido de espelho sem imitação (mimesis) como se fazia na Grécia. Assim, os jing ou clássicos chineses de sabedoria permanecem em concordância com a realidade na ordem do mundo e o homem nas suas relações sociais une o interior na literalidade da via (tao).

Bibliografia
Alleton, Viviane.  L'écriture chinoise. Le défi de la modernité. Paris, Albin Michel, 2008.
Jullien François. L'oeuvre et l'univers : imitation ou déploiement (limites à une conception mimétique de la création littéraire dans la tradition chinoise). In: Extrême-Orient, Extrême-Occident, v.1, n°3, pp. 37-88, 1983.
_____. Ni écriture sainte ni oeuvre classique : du statut du texte confucéen comme texte fondateur vis-à-vis de la civilisation chinoise. In: Extrême-Orient, Extrême-Occident., N°5, La canonisation du texte : aux origines d'une tradition. pp. 75-127, 1984
VANDERMEERSH,Léon. Ecriture et littérature en Chine Ecriture et littérature en Chine. In: Extrême-Orient, Extrême-Occident. N°8, pp. 53-66,1984.



terça-feira, 22 de outubro de 2019

Os Escritos do Mestre de Huainan ( Rei Liu An-172 a .C. Dinastia Han) 淮南子 huái nánzǐ




Traduzido do chinês clássico ou caracteres antigos completos para o idioma portuhuês brasileiro realizado pelo Prof. Dr. OrleyDulcetti Junior PhD..

 Liú ān 劉安  (179 aC - 122 aC) foi rei de Huainan (淮南) e conselheiro de seu sobrinho, o imperador Wu 武帝) da dinastia Han . Ele era neto do fundador da dinastia, o imperador Liu Bang 
(劉邦) e foi considerado transmissor dos ensinamentos taxistas, confucionistas e budistas.



  Rolo 3 : Leitura dos sinais celestes (tian wen xùn)
 
1. O Céu e Terra não têm forma (tudo) é amorfo, vago, preto e azul
2. Então, se diz: o grande começo.
3.  A Via (tao) começa no vazio nebuloso.
4. O vazio nebuloso gera o espaço e o tempo.
5. Espaço e tempo geram os sopros. Eles têm os limites
6. O yang puro é leve e se afina: eis o Céu. O Pesado e o turvo são congelados e estagnados: eis a Terra.
7. A conjunção do puro e sutil é fácil. Mas, difícil é congelar o pesado e o turvo.
8. Por isso que, o Céu se completa antes da Terra se tornar estável.
9. Das essências procedentes do Céu /Terra eis  o Yin/Yang.
10. Das essências concentradas do Yin Yang: eis as quatro estações.
11.Das essências dispersadas eis os dez mil viventes
________________________________________________
          
huái  nán  

juǎn sān   tiān   wén xùn
     三            


1)   tiān   di      wèi    xíng           ping ping       
                                             

2)   dòng dòng         zhú   zhú       yuē   tài     shi 
                                              

3)   dào   shǐ            kuò       kuò   shēng yǔ   zhòu
                                                      

4)       zhòu          shēng qì        yǒu       yín  
                                                
5)    qīng          yáng          zhě   báo       ér      wéi    tiān   zhòng
                                                          


6)   zhuó          zhě   níng zhì    ér      wéi          qīng miào
                                                 

7)   zhī        zhuān yì   zhòng zhuó        zhī    níng jié
                                                 

     8) nán       tiān   xiān chéng  ér        hòu   dìng  
                                                   

9)   tiān        zhī         jīng   wéi    yīn    yáng   yīn
                                                 

    10)   yáng       zhī    zhuān jīng          wéi         shí        shí
                                                            

11)  zhī sǎn   jīng   wéi    wàn